...1 em cada 4 jovens utiliza as redes sociais mais de 6 horas por dia e quase metade das crianças e adolescentes passa mais de 2 horas por dia a comunicar ou a ver e partilhar conteúdos no Tik-Tok, WhatsApp ou Instagram.
Considerando as recomendações da Organização Mundial de Saúde (OMS) sobre o tempo diário de uso de ecrãs, nomeadamente, um máximo de duas horas para crianças entre os 6 e os 10 anos, e entre duas a três horas a partir dos 11 anos, os dados acima apresentados revelam-nos que uma parte significativa das crianças e adolescentes portugueses excedem esse limite só com a utilização das redes sociais, não contabilizado o tempo despendido noutras atividades digitais, como por exemplo, os videojogos.
Importa referir que as redes sociais não são inerentemente benéficas ou perigosas, todavia, o seu impacto depende da forma como os jovens as utilizam, do tempo despendido, da forma como reagem a eventuais sinais de perigo e do equilíbrio com as atividades fora do mundo digital.
As redes sociais podem ter benefícios se usadas moderadamente:
facilitar a comunicação e a proximidade entre adolescentes;
falar com amigos e partilhar conteúdos em interações positivas e mútuas, parece estar associado a sensações de bem-estar;
quando se sentem sozinhos ou incompreendidos, as redes sociais podem ser um lugar onde encontram suporte e que lhes permite reduzir o stresse;
Todavia, o uso excessivo e desregulado acarreta riscos:
visualizarem conteúdos inapropriados, violentos, de incitação ao ódio ou teor sexual;
comparam a sua aparência física ou estilo de vida com os conteúdos que veem online, podendo impactar negativamente a sua autoestima, bem-estar e, inclusive, o comportamento alimentar;
ciberbullying (assediar, ameaçar ou vitimizar uma criança/jovem de forma repetida);
serem influenciados por notícias falsas;
apresentarem dificuldades de concentração, alterações no sono e diminuição do desempenho académico;
comprometer o estabelecimento de interações presenciais satisfatórias com os colegas;
Deixam-se, em seguida, algumas recomendações para promover um uso adequado das redes sociais:
definir horários e tempos para o uso;
equilibrar o tempo de uso com atividades realizadas fora do mundo digital (desportivas, artísticas ou outras);
falar com os jovens sobre os riscos e perigos das redes sociais;
monitorizar com regularidade (verificar e compreender o que a criança/jovem vê e faz nas redes sociais);
ligar um filtro de controlo parental (permite bloquear aplicações, assim como monitorizar o tempo de uso);
ajudar a proteger a identidade e a privacidade (que informações partilham e com quem partilham);
não utilizar as redes sociais (ecrãs) antes de irem para a cama, para proteger a qualidade do sono;
fazer as refeições sem telemóveis (aproveitar para conversar sobre o seu dia-a-dia, interesses ou outros assuntos);
disponibilizar-se para escutar (conversar sobre o que se vê nas redes sociais, falar sobre algo que possa ter perturbado o jovem);
dar sentido ao que se vê nas redes sociais (desmistificar que nem tudo o que vemos online é um reflexo exato da realidade);
conhecer os limites de idade legal de utilização (idade mínima de 13 anos para Tik-Tok, Facebook ou Instagram);
Fonte: “Vamos falar sobre ecrãs e tecnologias digitais – informação para pais e cuidadores”
Ordem dos Psicólogos Portugueses, maio de 2024
Psicólogo
Nuno Velada